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A quase extinta literatura de cordel

Posted by Railton Da Silva in
20 de dezembro de 2009 |
| RAILTON TEIXEIRA *

Não era difícil encontrar nas feiras, nos artesanatos, os famosos cordéis. De vários estilos. Com muitos causos. Certamente com muitas alegrias. Isso num passado não muito distante, onde os poetas populares eram queridos, amados e é claro mais do que tudo respeitados.
Com o passar do tempo, com o êxodo rural, as coisas foram mudando, modernizando-se. Como tudo é progressivo e acompanha a evolução, as modas ditas “do interior” estão caindo no vão do esquecimento e sendo chamadas de “coisas de velho”.

Uma cultura enraizada nas entranhas nordestinas, oriundas de Portugal, ganhou características próprias com cunho jornalístico. E de uma hora para outra é engolida por umas culturas denominadas do século 21, que eu chamaria de “maus do século”, onde sufoca as publicações independentes que não têm apoios, muito menos editoras.

Um veiculo de comunicação, onde a sociedade acreditava mais que os próprios jornais impressos, está sumindo. Exemplo maior posso aqui citar, a morte do cangaceiro Lampião. Fato este que as autoridades, os coronéis e o próprio povo, só vieram dar credibilidade ao fato, quando José Pacheco, poeta popular descreveu em seu cordel “A chegada de Lampião no inferno”.

Nós autores da quase extinta literatura de cordel, enfrentamos preconceitos e tabus na hora de divulgar os nossos trabalhos. Por ora ao abordar as pessoas, ora com as velhas frases “o folhetim já está fora de moda”. Sentimos na maioria das vezes uma repugnância, uma discriminação para com os folhetins, pois os leitores estão acostumados com as grandes publicações e os longos romances. Eu não os culpo, somos vítimas de educação defasada.

Como ultrapassar as barreiras e eternizar esta cultura tão rica, majestosa, que hoje em Alagoas dispõe de poucos escritores vivos? Com orgulho nomeio estes: Jorge Calheiros, Mariquinha, Dêmis Santana, Luiz Alberto Machado e Tchello de Barros. Essas são algumas figuras ilustres que ainda doam seu suor para manter a cultura viva.

Claro que temos alguns incentivos, de pessoas que são apaixonadas pela arte, mas de um lado as portas estão se fechando e do outro uma luz no fim do túnel. Faço menção a Maria Luiza da Biblioteca Pública do Estado de Alagoas, que bienalmente reuni os artistas, principalmente os populares e coloca todos na Bienal do Livro.

Se não fosse o meu pai, que em suas folgas matinais do trabalho cantarolava repentes, contava causos dos clássicos de cordéis, eu hoje não escreveria, nem tentaria ressurgir a famosa literatura de cordel, que não foi passada para mim em sala de aula, o que é um grande erro. Deveria estar contido nas grades curriculares das escolas, para fomentar a leitura desde cedo, para que o individuo venha a crescer conhecendo o que é nosso, o que é da terra.

(*) É estudante de jornalismo e poeta popular de Alagoas.

Fonte: http://gazetaweb.globo.com/v2/gazetadealagoas/texto_completo.php?cod=157785&ass=37&data=2009-12-20

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Railton você foi classificado no Concirso de poesia MÃOS QUE FALAM com seu poema "PRA TU BAHIA" e nem respondeu aos meus e-mail.
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